terça-feira, 28 de setembro de 2010

dia 4 na procura da beleza

saímos da zona da teresa.
proposta para grupos: encontrar a beleza aonde não fossemos.
fico com jesus e joão.
decidimos: o caixote do lixo.
(des)cobri-lo,
suspense,
contradição...

resultado: performance "o sopro da criação"!

passos:
entramos com o objecto na sala de ensaios,
carregamo-lo indiferenciadamente,
mas intencionalmente,
joão apanho o sopro,
passa por todos,
meto dentro do objecto,
contemo-lo,
o objecto ganha vida,
deitamo-lo cuidadosamente,
fazemo-lo respirar,
acompanhamos,
dou o último fôlego,
terminamos matando o objecto.

dia 3 na procura da beleza

dedicámo-lo à respiração,
semáforo do bem-estar,
instrumento fundamental.

ali, voltei a recordá-la,
a chamá-la para junto de mim,
permitindo que ela me tomasse, me guiasse e acariciasse,
num mergulho no meu eu.

respiro,
movimento,
vivo,
situo,
inspiro,
penso,
desconcentro-me,
desisto.

encho-me de ar,
arrisco,
parto de novo,
expiro,
una,
inspiro,
situo,
movimento,
expiro,
vivo,
adoro,
inspiro,
situo,
movimento,
sítio e movimento,
sítio e movimento,
sítio e movimento...

mas quem vem primeiro?
o movimento ou a respiração?!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Desafio B

A todos os Belos (como lhes chama a Célia):
. Porque o acto de criação é mais belo e intenso quando partilhado;
. Porque é fascinante descobrir-me através do outro;
. Porque a beleza do olhar do outro me mostra o que o meu não consegue ver;
. Numa tentativa de chegar “nesse lugar mais dentro onde só chega quem não tem medo de naufragar”;
. Porque o Blogue não me chega;
Fica aqui o desafio B: um encontro semanal para criar e continuar a descobrir e experienciar Projectos B. Alguém alinha?

No silêncio do meu corpo | 5 dias de Projecto B

Surgiu como uma aventura, um desafio…
Um sentir na pele o desejo de experimentar.
E o impulso ganhou a corrida, pelo que, quando abri os olhos já lá estava.
Se tinha dificuldade em explicar porquê ir, muito mais dificuldade tenho agora, em explicar o que aconteceu.
Não tenho palavras…
Fecho os olhos e ainda sinto no meu corpo a melodia desses dias.
E apetece-me ficar assim, no silêncio, a sentir o que o meu corpo guardou.
Descobrir-me / Descobrir o outro/ Descobrir-me no outro.
E nos pequenos espaços vazios, cruzei-me com a BELEZA!
Sei apenas dizer que durante 5 dias habitei um espaço com muita melodia, suavidade, magia, sensualidade, descoberta, criação, intensidade, aventura, ousadia, muita BELEZA e cumplicidade. Ah! A cumplicidade…
Como me fascinou a cumplicidade!
E se a beleza se esconde na cumplicidade?
A todos, estou muito grata!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

dia 2 na procura da beleza

ao explorar o corpo do outro,
permitindo que se manifeste em mim,
copio,
repito,
amplio,
contrario,
diminuo,
conheço novas partes em mim.

no trabalho a pares,
enquanto corpo explorado,
sem receio permito tudo,
deixo que o meu corpo passe a ser do outro,
possibilito/dificulto o seu conhecimento de mim?
enquanto exploradora do corpo do outro,
aprecio o reflexo de um sobre o outro,
e, há momentos que creio existir um só corpo.

na viagem de dois corpos,
pensando num como a extensão do outro,
respeito sobretudo o movimento do outro,
ocupo espaço,
prolongo a acção,
esqueço os preconceitos.

se reconheço beleza no(s) corpo(s) do(s) outro(s)?
reconheço, pois!
lamento apenas fazê-lo raras vezes.

alguém diz "o corpo é a minha casa"
para habitá-lo verdadeiramente
e nele reconhecer beleza,
sejamos, então, generosos connosco...

dia 1 na procura da beleza

desde logo, desconstruir o conceito
ignorar regras, o que está instituído,
buscar uma nova teoria da coisa, integrando-a.

sentir de todas as formas, sinestesicamente...

entre nós e naquele espaço,
descubro o jogo,
sigo-vos e copio-vos,
desapareço e apareço no espelho e atrás da tela,
acelero e afrouxo.
avalio o tacto e o que este provoca em mim,
prefiro as superfícies irregulares às lisas,
e sinto os dedos e os pés a descolar do chão.
ouço outras músicas,
alguém arrasta os pés,
outros batem os calcanhares,
todos com ritmos diferentes.
por fim, aprecio o nosso desconcerto nesta procura.

em mim, percorrendo todo o meu corpo,
descubro contrastes,
rígido e mole,
pequeno e amplo,
suave e duro.
corpo que não se rende ao desiquilíbrio!
corpo definido e infinito!
corpo em movimento, sem intenção!
todo o meu corpo dentro de mim.

alguém diz "voltar a mim",
assim seja...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Aceitar

Descobrir a viagem ao interior de nós mesmos....
o que vêm para além de que os nossos olhos possam ver...
somos um viajante explorador e podemos desenhar os nossos próprios mapas com as linhas do nosso corpo ,as rugas , as veias , os meridianos ...
Então como se procura a Beleza?
Procura que o nosso interior se possa manifestar; na poesia dos seres e das coisas e ser nós mesmos e não querer ser o outro...

Procura do corpo através do teu próprio toque...gostei de sentir as minhas partes pontiagudas ( nariz,cotovelo,joelho, tornozelo e dedos) sobre uma superfície côncava ( palma da mão ,a frente do cotovelo).

Descobrir as partes do corpo através do movimento...Estava sentada, fechei os olhos e senti embalada pela música clássica assim me soou e deixei-me ir e senti a repetição dos movimentos com a cabeça , as mãos e pés mas não conseguia roda-los ao mesmo tempo nem com a mesma intensidade. A musica invadiu o meu corpo pela bacia e toda a dança se manifestava daí para todo o corpo... foi uma sensação nova para mim . fez sono e relaxei ...

o que ficou do grupo que achei lindo...
....todo o meu corpo dentro de mim... o corpo à margem da minha vontade... um corpo grande demais...
Cartografia dos objectos belos dentro da sala de ensaios...

o fio dos estores que desenham as suas formas redondas ,que acontecem por acaso devido ao seu comprimento e se espalham no chão, com o redondo cair dos panos das cortinas... com o emaranhado dos fios eléctricos enrolados pela mão do homem em contraste com os círculos concêntricos perfeitos do tecto ( saída de som ou entrada de novo ar ?) com os nós concêntricos e os mais naturais da madeira . contrastes e paralelismo.

o que ficou do grupo...
sentir na mão o pó de giz com a macieza do lápis de cera e o seu cheiro ,olhar o corpo etéreo para além do vidro da sala e olhar o corpo físico dentro da sala , ver o movimento subtil da cortina ao toque da mão ,conforme esse toque aumenta a sua amplitude como de um movimento cardíaco se tratasse, a terra no céu -a terra dura ,áspera a pedra do granito e o céu leve e macio da parte que brilhava.


"Expor-se é existir , é revelar-se ao mundo com todos os seus predicados" Giorgio Agamben

Vivemos sempre em busca...

“Vivemos sempre em busca...
Buscamos a tudo, a todo o tempo!
O amor perdido, a riqueza almejada, o respeito necessário...
E o que procuramos verdadeiramente?
Não sei?!?!
Porém, nesta corrida frenética e constante pela conquista, nos cegamos para o real.
Para as coisas que realmente Fazem a diferença em nossas vidas.
Sábio é o homem que valoriza o comum, o habitual.
Pois é do pequeno que se chega ao grande.
Tudo o que há de grandioso não se concretizaria sem o pequeno!!!
Penso, que a verdadeira busca necessária
É a busca pelo aprendizado;
Somente através dele poderemos valorizar o que realmente importa para nossas vidas.
Porém, não há busca sem sofrimento, nem felicidade sem dor.
É preciso sentir a dor para gratificar-se pelo alívio.
Faça como o sábio...
Olhe para dentro de si e descubra que a felicidade é um estado de espírito.
Sinta-se feliz
E verás a real beleza da vida!!” Autor desconhecido

O Aleph - Filipe Costa



"Na parte inferior do degrau, à direita, vi uma pequena esfera furta-cor, de quase intolerável
fulgor. A princípio, julguei-a giratória; depois, compreendi que esse movimento era uma ilusão
produzida pelos vertiginosos espetáculos que encerrava. O diâmetro do Aleph seria de dois ou três
centímetros, mas o espaço cósmico estava aí, sem diminuição de tamanho. Cada coisa (o cristal do
espelho, digamos) era infinitas coisas, porque eu a via claramente de todos os pontos do universo."

exerto de "O Aleph", de Jorge Luís Borges



Num pequeno conto de Luis Borges, um escritor argentino, foi me dado a conhecer o Aleph, um pequeno ponto por baixo de uma escada velha, um pequeno ponto que concentra todo o universo, tudo o quanto nele possa existir, sem o misturar.
Borgues foi ficando progressivamente cego, mas sua obra é cheia de imagens, mentais, mas não menos claras e nitidas por isso. O universo dele é habitado por espelhos e labirintos. Ele foi obrigado a fechar os olhos para ver mais além.

Ontem, vi várias pessoas a procurar o seu Aleph, o ponto escondido nas costas, o coração no braço, o corpo a deixar de ser estranho...ontem, sem obrigação, decidiu-se fechar os olhos, e tentar verdadeiramente ver.
Ontem, de certa forma, ganhei consciência da beleza, ganhei consciência da sua ausência, não a descobri, tão pouco me aproximei de tal. Mas, procurando-a, torna-se óbvia a sua ausência.
 O meu Aleph ontem foi a descoberta de um espaço novo, aparentemente vazio, ou que talvez contenha todo o meu universo, não sei. Mas a consciência da ausência convida-me a construir no escuro.
Aceito o convite.

domingo, 19 de setembro de 2010

Bem Vindos ao Projecto B


Maria, Júlia, Maria Rosa, João, Célia, Marta, Tatiana, Rosana, Anabela e outros que cheguem de surpresa...

um abraço B

Teresa